O
Senhor Palomar, personagem do texto de Ítalo Calvino, tentou criar uma espécie
de “gabarito” imaginário para a vida, onde tentava alinhar a realidade à perfeição
do modelo que ele idealizou, mas logo percebeu que a realidade nunca atingiria
a perfeição do seu modelo e pensou em criar vários modelos na esperança de que
algum deles servisse para determinada realidade. Por fim, ele percebeu que,
muito embora não seja a solução que mais te alegraria, mas a única forma exeqüível
seria negar a formula e viver a vida. Abrir a mente para aceitar que a
realidade jamais tangenciará a perfeição, nem um modelo pressuposto e lidar com
cada situação baseada na peculiaridade e ineditismo, procurando ter uma
perspectiva mais positiva sobre o que ela tem de bom a oferecer em vez de focar
em suas limitações e dificuldades.
Pensando
na regra do Senhor Palomar, comparamos a realidade atual, onde pessoas, pais, responsáveis,
professores, criam um modelo de filho, de criança, de estudante que venha a
satisfazê-los nas suas expectativas humanas, as mais perfeitas possíveis.Na
verdade, precisamos enxergar a deficiência antes mesmo de sabermos mais sobre
aquele que não andam, não enxergam ou não ouvem . “Porque apontar o que o outro
não pode fazer, antes mesmo de perguntar o que ele tem a oferecer?”
O
Senhor Palomar seguia a regra onde tudo era perfeito,inclusive em sua mente,
dessa mesma forma pensa os pais, profissionais quando vão receber uma criança,
pensam no modelo ideal, padrão “normal”. Ambos constroem modelos perfeitos,
muitas vezes até criam rótulos. Constroem modelos e criam expectativa de que o
individuo tem a forma perfeita no pensar, no agir, no modo de ser, de enxergar,
no ouvir e na forma de se expressar e aprender. Rotulam de coitadinho e aplicam
com eles a pedagogia da negação.
É necessário
utilizar a estratégia de Palomar, apagar da mente os modelos e refazer os
conceitos, reformular as práticas pedagógicas, as práticas de sala de aula,
elaborando novos planos para tomar rumos que levem a aprendizagem.
Temos
muito a aprender pois o conhecimento é inacabado, nunca podemos jugarmos
prontos,somos eternos aprendizes, principalmente se tratando do educador, da
sala de aula comum ou da sala de AEE.
Como
professora de AEE já levo na bagagem experiências vivida com a deficiência intelectual,
o que me fez abrir caminhos para compreender melhor as outras patologias e até
mesmo para afirmar, garantir que a pessoa que tem deficiência seja ela qual for
é capaz de aprender,de interagir, participar, pensar, se desenvolver intelectualmente
e se for bem estimulada será capaz de ir além dos seus limites.
Oi, Rosangela, parabéns! Seu texto nos faz refletir sobre o nosso modo de pensar e de ver o outro.
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